O estilo dos Anos Loucos chega ao Museu de Sintra
Desmesura e exagero. Duas palavras para a Art Déco. Anos Loucos em Paris a suceder à Belle Époque.É este estilo decorativo - que floresceu na Europa e nos Estados Unidos no período das duas grandes guerras mundiais -, que a
colecção Berardo revela numa exposição precisamente com esse nome. A mostra inaugura hoje, a partir das 22.00, com música ao vivo dos Dixie Gang (anos 20 e 30), no
Sintra Museu de Arte Moderna. Emmanuel Bréon, director do Musée des Annés 30, é o comissário.
Especialista das décadas de 20 e 30, Bréon sublinhou o valor desta colecção na rota das exposições universais: "É formidável! A Colecção Berardo tem uma dimensão de abrangência invulgar. Não se fica apenas pelo período inicial (1925), estendendo-se até 1930 e a várias das suas ramificações pelo mundo." A Arte Déco? "Um mundo perfeito no universo da decoração", acrescenta.
E o mundo, nessa década de 20, era mesmo louco. Montmartre e Montparnasse, os bairros da moda. Tempo de carros sumptuosos, profusão de cores, vidros, metal e jóias, corpos das mulheres movendo-se, ao som da voz de Josephine Baker, em seus vestidos de pérolas e brilhos, a arquitectura a tocar o céu; a arte agitando-se, indiferente aos estragos da depressão económica e à ascensão dos totalitarismos. Em Paris, 1925, a Exposição Internacional das Artes Decorativas e Industriais Modernas criava a ilusão de uma paz universal, servia de motor ao estilo Art Déco.
Foi em torno deste estilo equívoco, ambíguo, cintilante e sedutor, "último sobrevivente" de um mundo volátil e afável, que, há quinze anos, José Berardo começou a construir uma colecção na qual foi precursor. Art Déco revela agora esse espólio -móveis, jarras, vidros, ferros, pinturas, esculturas e jóias -, expondo ainda parte da Colecção do Musée des Années 30 de Boulogne-Billancourt, vestuário e adereços dos anos 20 do Museu Nacional do Traje e um Bugatti de 1929 do Museu do Caramulo.
"Embora este estilo não estivesse então verdadeiramente na moda, o instinto de José Berardo levou-o a observar com um olhar criterioso estas obras cuja qualidade íntrinseca soube desde cedo avaliar. O coleccionador reuniu, num mostruário notável, uma colecção muito representativa do estilo 1925 que o mundo inteiro redescobre hoje com agrado", acrescenta Emmanuel Bréon. E fê-lo demonstrando que a Art Déco perdurou até ao fim da II Guerra Mundial.
In Diário Notícias
PM : "Sou um admirador, fascinado, e até muito influenciado pela Art Déco. É uma corrente fantástica, bem demarcante na linha do tempo, com uma irreverência expansiva ao exagero.
Deve ser muito interressante esta Colecção Berardo que já tantas linhas e páginas de jornais preencheu. A Não Perder !!!"