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oi com enorme prazer que recebi, via mail, este texto do Dr. João Alberto Coelho, com o título «Ainda o Largo do Coreto» que publico na integra :«Já tinha dito, cá para os meus botões, que não me voltava a pronunciar sobre este assunto. Entretanto, algumas tomadas de posição recentes, no Xarales e no Minderico e um comunicado do CAORG, fizeram-me rever essa posição.
Devo, desde já, deixar claro que não concordo com a construção, no Largo do Coreto, de qualquer edifício e que o seu destino deveria ser o de um jardim público para pleno usufruto da população tão carenciada destes espaços.
Também não me movem quaisquer intuitos de perseguição quer à Direcção do CAORG, quer à SMM, quer aos Órgãos Autárquicos recentemente eleitos. O que me leva, mais uma vez, a tomar posição, são razões que considero de interesse público e a convicção de que, por mais prestigiadas e louváveis que sejam as Instituições Mindericas em causa, não se devem sobrepor ao interesse colectivo.
Nunca ninguém me viu, ou verá, pôr em causa a obra, meritória da SMM ou do CAORG, a cujos Corpos Sociais já pertenci, e o seu esforço no desenvolvimento cultural de Minde. Isso, para mim e, creio, para todos os Mindericos, é um dado adquirido e incontestável.
Esse estatuto, conseguido com o esforço de muitos, não pode, porém, colocar o CAORG, principal visado nesta situação, e os seus Corpos Sociais, ao abrigo de críticas, ou sugestões, que se querem sempre construtivas; tampouco o CAORG, pelo simples facto de ser criticado, não se pode colocar no papel de vítima de cabalas sinistras.
Em abono da verdade deveremos reconhecer que, muitas vezes, o CAORG e os seus Corpos Sociais, particularmente a Dra. Maria Alzira, têm sido tratados de forma pouco cordata, para utilizar um termo benigno; acho que a discussão das ideias se deve fazer, sempre, em tom elevado e sem cair no insulto como algumas vezes tem sucedido.
O CAORG, também compreenderá que tem algumas culpas no cartório; tem-se, digamos, posto a jeito, ao argumentar que os planos e decisões da Direcção são publicitados nas Assembleias Gerais.
Só que as Assembleias Gerais são para os Sócios, condição que nem todos os Mindericos têm nem são obrigados a ter. Logo, quando falamos de projectos estruturantes e que interessam a toda a População, não seria lógico publicitá-los, regularmente, nos meios de comunicação Mindericos disponíveis? Falo do Jornal de Minde, do Portal Minderico, do Xarales, do Toucaneura, etc.
Só agora, quando a polémica já tem barbas, o CAORG se dignou distribuir um comunicado onde, no preâmbulo, começa por afirmar “fazer denúncia pública da acção sistemática e continuada do Sr. Engº. Vítor Manuel Coelho da Silva”.
Embora não conteste o direito que lhes assiste na elaboração deste comunicado, penso que peca por defeito.
Ao eleger o Engº. Vítor Coelho da Silva como alvo das suas críticas, e isso é um problema que me transcende, esquece-se que muitos Mindericos estão contra a utilização, para construção, do terreno das antigas Escolas e que desconhecem os anunciados projectos, quer do CAORG quer da SMM. E não deixam de ser Mindericos por isso nem, por isso, se podem considerar inimigos das Instituições em causa.
O CAORG contesta as afirmações do Engº. Vítor Coelho da Silva, classificando-o de “auto proclamado coordenador do Portal Minderico”, esquecendo-se que o Portal é obra sua, reclamando contra as continuadas ofensas e mentiras aí produzidas, embora nunca tenha exercido o direito de resposta para repor a verdade e esclarecer a População.
Porque é que nunca o fez?
Porque é que este comunicado não vai mais longe e continua a deixar todos na ignorância?
Porque não se esclarecem de uma vez as dúvidas que se colocam a muitos Mindericos que, não tendo a qualidade “suprema” de dirigentes do CAORG, se interrogam sobre os projectos em estudo para o Largo do Coreto?
É, aliás, curioso verificar que os dirigentes do CAORG, para além de se julgarem portadores de um desígnio, quase, divino, que os leva a arcar com o peso da gestão da instituição, se consideram acima de críticas ou sugestões.
O simples facto de serem eleitos e de apresentarem um trabalho meritório que, repito, ninguém contesta, não os mandata para decidirem, seja com quem for, projectos que, repito, considero estruturantes e que interessam a toda a População; é que Deus, na Sua Infinita Sabedoria, quando procedeu à distribuição das quotas de inteligência para Minde, não contemplou, só, os dirigentes do CAORG.
Já agora, e ainda relacionado com o recente comunicado, verifica-se haver uma distinção de género: As Senhoras do CAORG e os Homens do CAORG; querem sugerir que há uma divisão no seio da Direcção? Se a houver, os homens do CAORG pertencem à 1ª. ou à 2ª. divisão?
Como é que se pode ouvir, em surdina, que se estão a projectar investimentos para o Largo do Coreto, envolvendo a SMM e o CAORG e a maioria da População não sabe de nada?
Como é que isto é possível?
Que projectos são estes? Quem elabora os estudos?
A que fim e a quem se destinam? Qual a volumetria dos edifícios?
Segundo os regulamentos em vigor qual é a taxa de ocupação permitida no terreno onde estavam implantadas as Escolas e a Cantina?
Para que vai servir a Casa Açores?
Quem vai pagar os projectos?
Como é feita a utilização bipartida (SMM e CAORG) do projectado edifício?
Quais as reais necessidades do CAORG? E da SMM?
Afirmam que são Técnicos altamente reputados que estão a elaborar os projectos o que não contesto; só queria lembrar que, muito recentemente, o Arquitecto Siza Vieira foi muito contestado em Madrid. E porquê? Porque elaborou um projecto que, apesar de poder ter uma elevada valia técnica, não foi aprovado pela população.
É que, quando falamos em necessidades do CAORG não poderemos deixar de considerar as afirmações feitas pelo Dr. Victor Miguel Capaz C. da Silva, quando afirma que existem 500 alunos na Instituição. Quando lança este número, 500, está-se a referir a que alunos? Àqueles a que o CAORG, através de protocolo celebrado com a Câmara Municipal, ensina música nos estabelecimentos de ensino que frequentam ou, essas aulas são dadas nas instalações hoje arrendadas?
É que nas Escolas do 1º. Ciclo do Agrupamento de Alcanena o CAORG dá aulas, em Alcanena e noutras Freguesias, a cerca de 390 alunos e nas várias Escolas do Agrupamento de Minde a cerca de 170.
Quantos são, de facto os alunos “efectivos” do CAORG (de música e das restantes valências) frequentando as suas instalações?
Mas admitamos que sim, que são 500 alunos em rotação.
Segundo o que tenho lido a capacidade construtiva máxima, possível, no Largo do Coreto é de 600 m2. Então e os estacionamentos e a circulação rodoviária? Como se fazem? Como são distribuídos, pelo CAORG e pela SMM, esses 600 m2? É que, segundo tenho ouvido, a SMM, só para a sala de ensaios, necessita de cerca de 600 m2! Onde instalam então os serviços administrativos, arquivos, sanitários, etc?
E o que é que sobra para o CAORG?
Eu compreendo que se tentem aproveitar as sinergias, possíveis, entre a SMM e o CAORG desde que não se venham a verificar tendências hegemónicas de qualquer das partes ( têm vindo a lume rumores sobre o alegado “interesse” do CAORG na desactivação da Escola de Música da SMM).Verdade, mentira, sinceramente não sei!
Poderão argumentar as Direcções da SMM e do CAORG que os projectos, agora em causa, faziam parte do programa eleitoral dos ICAS, logo existiria a legitimidade política para os executar.
Mas não é assim!
Muitos programas partidários, ainda que referendados em eleições, necessitam que, para a realização de determinadas acções, seja necessária nova consulta popular através de referendo ( p.ex. IVG, Regionalização, etc). Logo, não percebo o receio de se solicitar à População que se manifeste através de um referendo!
A Democracia é isto e o referendo é um instrumento constitucionalmente previsto para casos como este.
Na parte final da sua, extensa e laudatória, comunicação o Dr. Victor Miguel pergunta : “NÓS SABEREMOS FAZER MELHOR?”
Sem me querer pronunciar sob o conteúdo deste sub capítulo, dado não querer correr o risco de poder ser desagradável, diria ao Dr. Victor Miguel que, por muito bem que qualquer coisa se faça, é sempre possível fazer melhor, embora, por vezes, o óptimo seja inimigo do bom. Sem querer ter a veleidade de pretender ser “mais papista que o Papa” eu perguntaria ao Dr. Victor Miguel o seguinte:
- É ou não verdade que o CAORG tem um terreno com cerca de 8.000 m2 comprado ao CBESM e que a SMM tem uma sede própria?
- As duas Instituições Mindericas já tentaram, junto da Câmara ou de particulares, fazer a permuta dos seus activos por terrenos?
- Sabia que a área exigida pela SMM é de cerca de 1.000 m2 para uma capacidade disponível de construção de cerca de 600 m2?
- Conhece a área edificada necessária de que o CAOG necessita para desenvolver as suas actividades?
- Acha que é possível, no Largo do Coreto, construir um imóvel com área suficiente para albergar condignamente as duas colectividades?
- Não seria possível tentar negociar os terrenos adjacentes à Capela, por permuta ou compra?
- Já se estudaram todas as potencialidades de aproveitamento dos terrenos da Casa Açores?
- Uma vez que o problema da área necessária só pode ser resolvido por construção em altura, acha que, esteticamente, fica bem, no Largo do Coreto, um mamarracho com 3 ou 4 andares?
Como vê, Dr. Victor Miguel, são perguntas pertinentes e que não ofendem ninguém. Só que eu não sei as respostas e a maioria da População também não as conhece.
Quando pergunta “Nós saberemos fazer melhor?” eu tenho que lhe responder que não sei porque não conheço as variáveis da equação.
A inevitabilidade só existe para a morte; em tudo o resto, com conhecimento, com estudo, com esforço , com uma participação alargada e com a “vontade” da Câmara Municipal (???) é sempre possível mudar o destino.
É por isto que sempre me bati. »
João Alberto Silvestre CoelhoMinde , 2006-07-08
