19 julho 2006

"Máfia do Apito"

As manifestações dos adeptos italianos continuam. Depois de andarem uma semana e celebrar a vitória na copa do mundo, eis que surge uma nova “bomba”.

A justiça desportiva italiana foi célere no julgamento do escândalo descoberto há cerca de três meses, esqueceu a euforia da nação, e não olhou a nomes nem a títulos : Quatro dos maiores clubes italianos foram severamente punidos.
À Juventus foram retirados os últimos dois títulos nacionais e relegada para a Série B, com a agravante de iniciar o próximo campeonato com 30 pontos negativos. Igual destino teve a Fiorentina e a Lázio que vão iniciar a próxima época também na 2ª divisão, respectivamente com 13 e 7 pontos negativos. Melhor sorte teve o AC Milan de Berlusconi, que perdeu 40 pontos da época passada, mas permanece na Série A, iniciando o campeonato com 15 pontos negativos.
Tem sido uma “guerra civil”.
Os adeptos não aceitam e organizam manifestações, a comunicação social anda em “altas” com o escândalo, os clubes recorreram da sentença e Sábado inicia-se já a análise do recurso.
É uma autêntica revolução no “Cálcio”.
Estão milhões em jogo.
Direitos de publicidade e TV.
Juventus e Milan não disputam a liga dos Campeões Europeus.
Os jogadores de topo não querem acompanhar os clubes na despromoção, e na 2ª divisão as receitas de bilheteira são incomparavelmente inferiores. É um descalabro.
Só a Juventus tem cinco jogadores campeões do mundo pela Itália, e com 30 pontos negativos, dificilmente conseguirá retornar à Série A no próximo ano.
Os contornos da justiça desportiva estão delineados (sujeitos a recurso), agora irá tratar-se da justiça civil. Entre árbitros e dirigentes estão indigitadas cerca de 25 personalidades.
É um caso muito similar ao nosso “Apito Dourado” que envolve tráfico de influências para adulteração dos resultados desportivos.
Só que este caso tem três meses e o “Apito Dourado” já tem barbas e mais de dois anos de investigação.

Portugal e Itália são ambas nações latinas com povos e costumes similares, mas a diferença estrutural é abismal.
Em Itália, nem a euforia do título mundial demoveu a justiça.
Em Portugal, já lá vão 2 anos de gastos astronómicos com despesas de inquéritos e depoimentos e… nada!
Em Itália não houve pejo em atingir cerca de 20 milhões de adeptos e em condenar fosse quem fosse. Nem o AC Milan do ex-primeiro-ministro escapou.
Em Portugal, somos muito mais brandos e, depois de tanto alarido, provavelmente o caso será arquivado ou “arranjado” um bode expiatório menor.
Em Itália, alguns dos jogadores campeões do mundo, incluindo o “capitão” Canavarro, estão sem destino, e foi-lhes retirado o título de campeão nacional.
Em Portugal, que ficamos num honroso 4º lugar, os dirigentes queriam que os prémios dos jogadores fossem livres de IRS atropelando a lei fiscal.
Em Portugal, um simples “Caso Mateus” roda há meses e ninguém sabe o que fazer com o processo de um jogador mal inscrito e que afecta o destino de vários clubes.

Realmente vivemos numa autêntica “República das Bananas”.
Se calhar é por causa destas e doutras que os italianos são campeões do mundo pela 4ª vez, e nós… lá conseguimos ir às meias-finais.
Se calhar é por causa destas e doutras que continuamos na cauda do “comboio europeu” de onde dificilmente sairemos nos próximos anos.
Assim a Europa fica mais longe.

3 comentários:

Anónimo disse...

A Europa está mais longe, porque em Portugal não é só a justiça que não funciona.
A função pública é o cancro do país e enquanto não varrerem metade deles que não faz nenhum, Portugal não apanha o comboio.

Anónimo disse...

a justiça não funciona porque são funcionários publicos.

Anónimo disse...

Triste viver num país detes, onde a justiça finge que é lei, e lei finge que é justiça!