"O conhecido ditador Oliveira Salazar, que foi chefe de Governo português entre 1932 e 1968, ficou à frente de Álvaro Cunhal (político) e de Aristides de Sousa Mendes (diplomata) na votação para o “Grande Português” de sempre.
Segundo opiniões colhidas, os votos significam um protesto popular pela situação actual em que Portugal se encontra. Está tão mal, que até o povo "clama" pelo ditador Salazar.
Os telespectadores que participaram no concurso "Os Grandes Portugueses", da RTP1, votaram e elegeram Salazar, com 41% dos votos, como o "maior português de sempre". O líder do PCP Álvaro Cunhal e o cônsul Aristides de Sousa Mendes ficaram com o segundo e o terceiro lugar, respectivamente.
Em quarto lugar ficou D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, à frente de Luís de Camões."Sara Silvino in Tribuna da Madeira
Este resultado do concurso da RTP1 deixou perplexos milhões de portugueses, entre os quais me encontro eu. Como é possível que entre tantas personagens ilustres, os portugueses tenham escolhido o ditador, cuja simples pronúncia do nome era quase um tabú nos últimos anos, sendo a palavra salazarismo quase um sinónimo de desgraça, vergonha, e tudo o que é mau.
Alguns atribuem o resultado ao sentido de humor dos portugueses e à irresponsabilidade deste tipo de concursos. Outros acham que vivemos num país de brincar, e tudo isto não passou de uma brincadeira, mas eu acho que o assunto é sério e merece uma reflexão.
É claro que este concurso não é um referendo institucional, mas a votação maciça em Oliveira Salazar terá que ter algum significado.
Estou de acordo com a Sara Silvino quando escreve que esta votação traduz um protesto contra a actual situação política. Mudámos de um regime ditatorial para uma democracia de direito, mas em muitos outros aspectos as diferenças não são assim tão grandes se atendermos a que os tempos são outros. A justiça não funciona, continuámos na cauda da Europa, e o capitalismo económico assumiu uma dimensão que muito ofusca a solariedade e os valores humanos.
Algo está mal. É tempo de reflexão e urge trilhar novos caminhos em busca de uma cultura de valores onde os euros não sejam o vértice da pirâmide.
4 comentários:
Dá vontade de rir este concurso da RTP.
Só quem não se lembra do atraso em que vivia este País pode ficar indiferente a este resultado.
O mais curioso é que, após o resultado do concurso, o País como que ficou envergonhado com o desfecho.
Portas, que não deve ter ficado triste com o resultado, disse, durante o programa, uma verdade lapidar : Portugal só foi grande durante os Descobrimentos e imediatamente após eles.
Durante grande parte do século XX Portugal foi, sempre, um País desprezado na cena internacional.
Portas aí não esteve mal.
Claro que esteve bem.
Aliás foi isso que eu disse.
Este programa é apenas um espelho do país que temos, também o que queríamos que aparecessem grandes democratas, só temos pouco mais de 30 anos de democracia e que bem que têm corrido.
Mas acerca do programa, como li, já não me lembro onde, o que esperar de um programa onde todos os candidatos ou eram ditatores, ou seus lacaios.
É o país que temos, e mesmo assim não é dos piores
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