04 maio 2006

A Praça Alberto Guedes

Por excelência e tradição esta é a praça considerada o Centro de Minde. A Vila foi objecto de profundas obras de remodelação com o pomposo Programa de Requalificação Urbana, e a Praça Alberto Guedes foi um dos primeiros locais a ser intervencionado.
Na altura pensei : Poderá vir a ficar bom, mas não estou a ver "grande jeito disso" (quando vi a implantação dos candeeiros duvidei até se a obra teria projecto).

O QUE FIZERAM À PRAÇA ?

- Arrancaram a àrvore, demoliram o quiosque (que nunca foi quiosque), retiraram o alcatrão e substiuiram-no por um piso homogénio em calçada de pedra miúda.
- Colocaram uns candeeiros "à tôa" (que nem respeitam a esterotomia do pavimento, ou vice-versa), "despejaram" para lá uma série de bancos e vasos de qualidade duvidosa, made in Spain, plantaram duas ou três árvores e "vai disto".
- Cortaram o trânsito automóvel (e o estacionamento) entre as duas praças com uns sentidos proibidos e uma série infindável dos célebres prumos. Até o pequeno estacionamento junto à "curva do parramau" teve de ser reevindicado pelos comerciantes locais e improvisado na hora.
- No fim da obra argumentam que os Mindericos estão mal habituados, e que em Lisboa também se deixa o carro longe, bla bla bla... (como se o quotodiano de Minde e o n/ comércio tivesse alguma coisa a ver com isso).



O QUE PODERIAM (OU DEVERIAM) TER FEITO ?

- Não foi feito um estudo do fluxo automóvel dentro de Minde e, em m/ opinião a primeira asneira foi excluir o trânsito entre as duas praças (pelo menos em teoria, porque na prática ele existe).
Deveria ter sido previsto um corredor entre as praças, limitado e com sentido único, com piso diferenciado, e criado um estacionamento longitudinal (para fornecedores e outros) na rua ao lado dos correios (ou vice-versa).
Sempre que fosse necesário a praça total, bastava fechar-se a faixa transitável.
Também o citado estacionamento "do parramau" poderia ser tranversal em vez do actual estacionamento longitudinal.
Sem grandes confusões, poderíamos ter ganho o tríplo ou quádruplo dos estacionamentos, melhor e mais fácil circulação, e a praça estava lá na mesma, e sem carros no meio.

- A Praça merecia um arranjo estético muito melhor. Está pobre, sem imaginação, e afinal é o centro da terra. Poderia ter levado uma pequena obra de arte, um pequeno repucho, uma escultura, etc... qualquer coisa que lhe desse uma personalidade própria e identificável.
A implantação das árvores e candeeiros deveria obedecer a um critério e à esterotomia de um design dos pavimentos mais rico e acentuado. Não existe sequer uma pequena zona de piso com relva (pelo menos junto às àrvores).

- Também os bancos e vasos "distribuídos à tôa" e sem qualquer critério, nada têm a ver com a região de Minde, e bem poderiam ter um cunho muito mais original, utilizando materiais locais, como, por exemplo, a pedra e réguas de madeira. (algo de diferente, por custos idênticos, mas made in região de Minde). A mesma teoria deveria ter sido aplicada ao restante mobiliário urbano, que de original tem pouco.
Afinal é o próprio governo que apregoa : Prefira os produtos Made in Portugal.
Quando este material importado começar o sofrer degradações, estou para ver onde é que vão arranjar peças para substituição e reparação. Será que isso foi previsto ? Duvido.

- Não foi previsto sequer um sistema de irrigação para as árvores existentes (nem uma simples torneira) e sempre que é preciso regar as árvores e os vasos, lá tem que um empregado da Junta perder meio dia com o Dumper e baldes para fazer as regas.
Nem sequer foi previsto qualquer engenhoca, para no caso de eventos públicos na Praça, se possa ligar uma tomada eléctrica. Tem de se recorrer a particulares.
Para quem projectou esta obra (se é que teve projecto) o importante foi encher a terra de prumos e sinais proibitivos. Nós não somos nenhuns desordeiros. Ainda sabemos distinguir entre o correcto, o menos correcto e o que ultrapassa os limites.

- Se queremos uma terra viva, e se dizem que a Praça era a contar com possíveis esplanadas, deveria ter sido a própria CMA a liderar o processo e a tomar a iniciativa de estabelecer com os comerciantes locais, protocolos com condições, facilidades e incentivos para que essas esplanadas fossem montadas.
Ao invés, nem tão pouco lhes deixaram espaços definidos, e possíveis infraestruturas para águas, esgotos, electricidade, nivelação de pisos, etc. Cada um trate de si, e se quizerem venham cá pedir a licença no fim, foi o procedimento da CMA. Assim não se fomenta nada. Isso era antigamente. Agora os tempos estão mudados. É preciso incentivos e condições. Por vezes, quando uns não querem, outros estão ansiosos.



CONCLUSÕES

Com uma Praça tão pequena, era muito fácil, e sem orçamentos exorbitantes, termos ali um local aprasível, mais funcional e quase que servisse de cartão de visita.
Ao contrário, temos um espaço incaracterístico, sem qualquer personalidade, e com a agravante de não ser funcional.
Com estas obras conseguiu-se uma maior desertificação do centro de Minde (os comerciantes que o digam) e criaram-se muito mais complicações aos que lá vivem e aos que lá vão. Ou será que no Inverno, se Você quizer ir beber um café ao Estaminé (por exemplo) deixa o carro a "milhas" e vai à chuva ? Tavez pense duas vezes e opte por algo mais acessível.
Com tanta "merdice" dos proibitivos, agora estaciona-se na Praça, à balda, no meio dos bancos... mas os sinais estão lá. Porquê ? Ninguem respeita ? Também não há lógica e condições para isso ! As próprias autoridades não sabem o que fazer. Tiram prumos, voltam a colocar prumos...

Se me disserem que a Praça ficou melhor que o que estava. Talvez ! Mas está longe do que poderia ter sido feito e pago pelos "dinheiros da UE". Esse já foi gasto e não volta.
Então porque é que "as coisas" não foram feitas como deve ser ? Porque os responsáveis que "estoiraram" 400 mil contos nesta requalificação urbana, são os mesmos que se preparam para outras asneiras similares, e os mesmos que têm a "lata" de aprovar obras nessa mesma praça que contrariam o regulamentado pelo PDM.

Alguns de Vocês já pensaram, ou estão a pensar : «Mas quem é este "gajo" para ter a mania de saber o que está certo ou errado ?»
Não tenho a mania, nem sou dono da verdade, e sei que opinar depois é mais fácil, mas nasci próximo deste local, há mais de quarenta anos, e também me sinto no direito, e no dever, de dar a minha opinião sobre o que vai acontecendo na N/ terra. Afinal este é o meu blog.

Com esta conversa, não pretendo condenar ninguém e sei que não vai resolver coisa alguma, mas, como com as asneiras também podemos aprender, só gostava que não aplicassem a mesma teoria da superficialidade no que respeita ao agora já apelidado de " Largo de Stº. António".
Todos queremos um Minde melhor !!

6 comentários:

Anónimo disse...

Eu bem tinha dito que tinham gasto dinheiro a mais para um trabalho tão mal feito. E não era por inveja ou por ser do Covão, era porque tb eu queria o melhor para Minde...E na altura ainda estavam a acabar esta requalificação.
Mas como era a Covanita a dizer isto, o mal era só haver invejas, e não houve ninguem que nessa altura apoiasse aquilo que eu disse.
Ninguém contestou aquela obra que está feita à tão pouco tempo e com uma calçada já tão danificada.
EStou para ver o dia não muito distante em que vai ser preciso arrancar tudo para passar algum cano que tenha que ser substituído...

PM disse...

Contestar, nós vamos contestando.
Mas no fim eles é que têm a faca e o queijo na mão.
Sempre às ordens,
PM

Anónimo disse...

Caro PM,

concordo absolutamente contigo. A requalificação está toda errada. Toda a gente concorda com isso.

Seria bom que o vereador João José e o ex-Presidente da Câmara Luís Pires viessem assumir responsabilidades e dizer-nos quem que que fez o projecto, quem é que orientou o autor e porque é que eles, tntas vezes avisados para os erros, nunca os procuraram corrigir.

Quanto às alterações,penso que é fundamental:

1. Abrir a rua que passa no estaminé;

2. Criar estacionamentos; só quem não sabe contar não vê que a praça 14 de Agosto perdeu muito estacionamento, que era necessário;

3. Alterar o sentido do trânsito; assumam que assim não está bem.


"MINDE NÃO É LISBOA!"

Com cumprimentos,
chance man

Anónimo disse...

O ex-Presidente da Camara Luis Pires? Antes fosse!
Este projecto já vem da Junta anterior ao Pardal. O Presidente da Camara que mandou fazer tamanha aberração foi o Azevedo (ele é Presidente há mais de 8 anos). O dono da obra é a Camara. Quem deve assumir os erros sao os vereadores deste Executivo (os mesmos), porque não era a Junta que pagava.
Que pode fazer a Junta duma obra que nao é sua e que não paga?
Os fiscais da Camara e os vereadores de Minde é que deviam ter controlado e exigido as coisas bem feitas.
Mas ainda vão a tempo de mandar reparar o que está mal porque a responsabiliade do empreiteiro mantém-se durante 10 anos.
Não podem é ter medo de exigir ao empreiteiro.

PM disse...

Não penso que presidente da junta e o vereador do desporto tenham grandes culpas neste assunto.
E também não atribuo culpas a quem anteriormente, e para se candidatar aos fundos da CEE teve de elaborar um possível projecto de camdidatura.
Os responsáveis foram aqueles que inicaram e adjudicaram a obra, sem qualquer revisão e pormenorização de projectos, e sem um caderno de encargos exigente.
Depois a fiscalização e orientação técnica limita-se umas tantas comitivas de "estudantes" e fuguras de prôa que vieram almoçar a Minde uma ou duas vezes, e o resultado é o que está à vista.
Se as obras fosse no "quintal" desses responsáveis, acham que deixavam as "coisas" neste estado ?
Hum ...

Anónimo disse...

Concordo plenamente.
Os otários que mandaram fazer estas obras deviam ser obrigados a vir emendá-las de picareta na mão.
Com o dinheirão que gastaram, ou dizem que gastaram, bem podiam ter feito melhor.
Quem se safou foi a contrutora do Lena, e o resto é conversa...

Rap X